
A vida é fria, prosaica e solitária. E essa certeza imperiosa faz com que todos busquem desesperadamente por algo que as faça preencher seu tempo como trabalho, internet, sexo ou ilusões de cumplicidade e unicidade. A corrida pela felicidade forçada impossibilita a plenitude de uma vida verdadeira. Todos estão sós numa mente hermeticamente fechada onde ecoam ideias, pensamentos, sentimentos. Nem toda a expressão e perspicácia podem apreender a força do que há dentro de nós. Estamos fadamos a viver ilhados em nossas individualidades.
Empurrados numa vida em sociedade, por vezes somos levados a pensar que somos gregários. Positivismo, religião e estupidez produzem a ideia de naturalidade da/do mulher/homem coletiva/coletivo. Só estamos com outras existências por necessidade material, física ou incapacidade de desconstruir as instituições. Somos profundamente sós e nunca conheceremos ou seremos realmente conhecidos.
Se isso é válido ou não, não me interessa no momento. Hoje estou tocado por uma sensação que não consigo definir. Como individualidades tão irremediavelmente distantes podem produzir conexões tão fortes entre si? Um nível de ligação que supera todos os conceitos de fraternidade ou irmandade... E que não acontece apenas entre uma individualidade... Somos únicos, intocáveis, solitários... mas estamos conectados de uma forma que é até hoje incompreensível pra mim. Descobri a amizade.
Sou um homem de sorte?