sábado, agosto 21, 2010

10 motivos para anular seu voto:

A cada dois anos a disputa entre elites e vanguardas políticas admite a necessidade de uma legitimidade mínima e inicia-se o período eleitoral. Diferente do discurso oficial que costuma apresentar duas vertentes centrais - cooptação eleitoreira ou anarcoidismo de quinta - apresentarei dez bons motivos para se deslegitimar a política institucional e seu processo eleitoral antidemocrático.

1. Votar significa legitimar um processo antidemocrático - ao participar optando por uma das opções apresentadas você legitima um mecanismo de controle de massas. Você reafirma sua própria coleira.

2. O Estado sai fortalecido - O Estado, mais que uma ferramenta organizativa, é uma super estrutura de hierarquia vertical instituída com o único objetivo de manter ricos no poder e pobres longe da riqueza produzida coletivamente. As eleições apenas fortalecem essa estrutura contribuindo para a reprodução da realidade desigual.

3. Não negocie com terroristas - O exército estatal mata milhares de pessoas brutalmente todos os anos! Manter essa estrutura é contribuir com o genocídio capitalista e com o terrorismo de estado. Não legitime meias verdades, vote nulo.

4. As opções não te contemplam - Ou contemplam? Você as construiu? Você decidiu as propostas? Ou apenas foi convencido do que é relevante para o país por agentes das lideranças partidárias?

5. As plataformas não foram construídas pela demanda real - Publicitários são contratados para criar a imagem certa e não para promover debates. As eleições não são espaços democráticos de debate, são momentos para construir-se figuras públicas partidárias (estrelismo político). São milhões gastos pelas elites e vanguardas em escritórios de especialistas em manipulação para determinar o que você deve fazer ou pensar. Não capitule, anule o voto.

6. Política Representativa é estratégia de controle - Será que existe representatividade? Existe alguém capaz de representar nossa individualidade decidindo como decidiríamos? Não. Isso não existe e só nós podemos escolher por nós mesmos. A República é o aparato que nos mantém longe das decisões sobre nossa própria vida. E aí, quem decide por você?

7. Votar não é direito e sim ferramenta de controle na conjuntura atual - O voto é uma ferramenta histórica da democracia, mas o voto obrigatório de milhões de pessoas sem direito à educação de qualidade, informação ou o básico para a subsistência é estratégia de controle pela miséria. Assim, quem tem a campanha mais colorida, popularesca e cara a ponto de ter evidência em todo o país sai na frente.

8. É injusto! - É inegável que o processo eleitoral é sórdido e fundamentado na injustiça. O Estado se apresenta como instituição onde a legitimidade é forçada pelo voto obrigatório de milhões de mulheres e homens sem comida forçados a reproduzir sua condição deplorável para manter as elites no poder até a próxima eleição e na próxima, e na próxima... É revoltante para qualquer um minimamente comprometido com a justiça.

9. Existem outras opções suprimidas pela política institucional - A força dos movimentos sociais e a importância do poder popular. A hierarquia horizontal e a autonomia federativa. Democracia direta e os colegiados com participação massiva da população. O fim da educação castradora e das imposições de mercado. A importância da ação direta de cada indivíduo em sua participação política nem ao menos são citadas. É sempre reproduzida a lógica que a tomada de decisões deve ser dos poderosos e letrados segundo a escola formal burguesa e que as massas devem calar-se reservando-se a participação política bienal através do voto republicano. Não acredite na falácia dos poderosos e demonstre isso anulando seu voto.

10. A república não é o limite da democracia - Uma estrutura representativa e fundamentada na desigualdade não é legítima ou democrática. O discurso da democracia possível é a desculpa da ideologia positivista para segregar explorados e exploradas à condição de subaltern@s na sociedade contemporânea. Não precisa ser assim, a história mostra regimes de hierarquia horizontal organizados como a Comuna de Paris e incontáveis Squats pelo mundo que assumem-se autonomamente enquanto território popular e libertário. Hoje ainda existem organizações e movimentos libertários como a Federação Anarquista e movimentos anti estatais diversos.

Vote nulo. Assuma um posicionamentos justo, libertário e comprometido com a construção de uma sociedade de tod@s.

quarta-feira, agosto 04, 2010

Recorta e cola IV

Moção de Repúdio contra a ação criminosa da Rede Globo em relação às mulheres que praticam aborto

É “fantástico” como a Rede Globo, ao longo dos últimos anos, tem cumprido um papel de afirmar e incrementar visões conservadoras na sociedade brasileira de forma geral, e de reafirmar a ideia do aborto como assassinato, em particular. As novelas da Globo têm sido o principal instrumento para veicular esta visão de aborto como crime e taxar as mulheres que o praticam de assassinas.

Não bastasse, esta emissora tem também assumido um papel policialesco, ao produzir reportagens para criminalizar e denunciar o aborto clandestino. Não podemos esquecer que o estouro de uma clínica no Mato Grosso do Sul, no final de 2007, que resultou na exposição pública do nome de dez mil mulheres e na condenação de trabalhadoras e de mulheres que fizeram aborto, foi desencadeada a partir da ação desta emissora, após denúncia feita contra a clínica.

A partir deste episódio, tem se desenvolvido no Brasil uma ação sem precedentes de criminalização do aborto. Inclusive com a proposta de uma CPI do aborto, contra a qual os movimentos têm lutado. Sabemos que a Rede Globo não está sozinha. Ela se articula com o setores mais conservadores da sociedade, que reúne parlamentares e igreja católica, com o intuito de retroceder nos poucos avanços que as mulheres conquistaram na área dos direitos reprodutivos.

Neste domingo, 1º de agosto, o programa Fantástico fez uma reportagem no mínimo revoltante. Em uma ação policialesca, entrou em clinicas clandestinas de Salvador, Belém e Rio de Janeiro para denunciar o aborto clandestino. Como sempre, foram expostas as mulheres pobres e as clínicas que atendem mulheres pobres, marcando assim o caráter de classe da criminalização do aborto. Por que não mostrou as clínicas em que as artistas e celebridades da Globo fazem abortos? Por que não mostrou os médicos as atendem? Ficou claro as mulheres ricas e as artistas da globo ficam preservadas, pois para elas o aborto não é problema, e nem é feito nestas clínicas.

Esta atuação da Globo somente reforça a já emblemática situação de criminalização instaurada no país. Sabemos que o aumento da repressão empurra as mulheres pobres para práticas de aborto cada vez mais inseguras, condenando-as a correr graves riscos para suas vidas, e para sua saúde física e psíquica. Além de não contribuir para reduzir este grave problema de saúde pública, alem de demarcar o lugar de subordinação das mulheres, já que elas não têm o direito de decidir sobre seus corpos e suas vidas.

É preciso lembrar sempre que são as mulheres pobres, negras e jovens, do campo e da periferia das cidades, as que mais sofrem com a criminalização. São elas que recorrem à clínicas clandestinas e a outros meios precários e inseguros, uma vez que não podem pagar pelo serviço clandestino na rede privada, que cobra altíssimos preços, nem podem viajar para países onde o aborto é legalizado, opções seguras para as mulheres ricas.

Diante de tudo isso, nós, mulheres da Marcha Mundial, vimos a público repudiar esta ação criminosa da Rede Globo contra as mulheres pobres que praticam aborto. Ao invés de punição, nós propomos para o Brasil uma política pública integral de saúde que auxilie mulheres e homens a adotarem um comportamento preventivo, que promova de forma universal o acesso a todos os meios de proteção à saúde, concepção e anticoncepção, sem coerção e com respeito. Somente a legalizaçao do aborto no Brasil é capaz de reverter a situação dramática da clandestinidade do aborto, que mata, humilha e pune as mulheres que ousam decidir por suas vidas.

Fazemos coro com os movimentos que lutam pela democratização dos meios de comunicação para dar um basta nesta postura criminosa, reacionária e autoritária da Rede Globo.

Fora Rede Globo! Basta de violência contra a mulher!

Pelo fim da criminalização das mulheres e pela legalização do aborto!

Marcha Mundial das Mulheres