segunda-feira, novembro 01, 2010

O Guardador de Rebanhos



XXI


Se eu pudesse trincar a terra toda
E sentir-lhe um paladar,
Seria mais feliz um momento...
Mas eu nem sempre quero ser feliz.
É preciso ser de vez em quando infeliz
Para se poder ser natural...

Nem tudo é dias de sol,
E a chuva, quando falta muito, pede-se.
Por isso tomo a infelicidade com a felicidade
Naturalmente, como quem não estranha
Que haja montanhas e planícies
E que haja rochedos e erva...

O que é preciso é ser-se natural e calmo
Na felicidade ou na infelicidade,
Sentir como quem olha,
Pensar como quem anda,
E quando se vai morrer, lembrar-se de que o dia morre,
E que o poente é belo e é bela a noite que fica...
Assim é e assim seja...

Alberto Caeiro

domingo, outubro 31, 2010

Rediscutindo o Anarquismo



O historiador sul-africano Lucien Van der Walt (fundador da Zabalaza
Anarchist Communist Front – ZACF) estará no Brasil nos próximos dias e participará de eventos para a discussão do livro que escreveu em
...co-autoria com Michael Schmidt. “Black Flame: The Revolutionary Class Politics of Anarchism and Syndicalism” [A Chama Negra: a política
revolucionária e classista do anarquismo e do sindicalismo] foi
publicado pela AKPress dos EUA em 2009 e aguarda publicação em outros
idiomas.

Considerado por muitos o melhor livro de história do anarquismo já
publicado, “Black Flame” é fruto de um trabalho de 10 anos, possui uma análise global e discute anarquismo e sindicalismo no mundo todo,
tanto a partir de uma análise política/sociológica, como histórica. Um dos únicos livros que baseia suas conclusões em análises dos
acontecimentos que envolveram o anarquismo e o sindicalismo em todos os cantos do mundo, incluindo o Brasil.

Trata de diversos temas: (re)definição do que é anarquismo, a partir
de uma análise histórica bastante completa e não-eurocêntrica; a
discussão dos primeiros tempos com as primeiras concepções da análise social; estratégia e tática diferenciando as duas principais linhas do
anarquismo, o anarquismo de massas e o anarquismo insurrecionalista; anarquismo e sindicalismo; luta armada e violência; sindicalismo
duplo, reformas e debates táticos; organização política anarquista;
classe, internacionalismo, gênero, raça e imperialismo.

Bakunin e o sufrágio universal


A Ilusão do Sufrágio Universal

Mikhail Bakunin, in Ouvres, Vol. II, 1907.



Os homens acreditavam que o estabelecimento do sufrágio universalgarantia a liberdade dos povos. Mas infelizmente esta era uma grande ilusão e a compreensão da ilusão, em muitos lugares, levou à queda e à desmoralização do partido radical. Os radicais não queriam enganar opovo, pelo menos assim asseguram as obras liberais, mas neste caso eles próprios foram enganados. Eles estavam firmemente convencidos quando prometeram ao povo a liberdade através do sufrágio universal.Inspirados por essa convicção, eles puderam sublevar as massas e derrubar os governos aristocráticos estabelecidos. Hoje depois de aprender com a experiência, e com a política do poder, os radicais perderam a fé em si mesmos e em seus princípios derrotados e corruptos. Mas tudo parecia tão natural e tão simples: uma vez que os poderes legislativo e executivo emanavam diretamente de uma eleição popular, não se tornariam a pura expressão da vontade popular e não produziriam a liberdade e o bem estar entre a população?

Toda decepção com o sistema representativo está na ilusão de que um governo e uma legislação surgidos de uma eleição popular deve e pode representar a verdadeira vontade do povo. Instintiva e inevitavelmente, o povo espera duas coisas: a maior prosperidade possível combinada com a maior liberdade de movimento e de ação. Isto significa a melhor organização dos interesses econômicos populares, e a completa ausência de qualquer organização política ou de poder, já que toda organização política se destina à negação da liberdade. Estes são os desejos básicos do povo. Os instintos dos governantes, sejam legisladores ou executores das leis, são diametricamente opostos por estarem numa posição excepcional.

Por mais democráticos que sejam seus sentimentos e suas intenções, atingida uma certa elevação de posto, vêem a sociedade da mesma forma que um professor vê seus alunos, e entre o professor e os alunos não há igualdade. De um lado, há o sentimento de superioridade, inevitavelmente provocado pela posição de superioridade que decorre da superioridade do professor, exercite ele o poder legislativo ou executivo. Quem fala de poder político, fala de dominação. Quando existe dominação, uma grande parcela da sociedade é dominada e os que são dominados geralmente detestam os que dominam, enquanto estes não têm outra escolha, a não ser subjugar e oprimir aqueles que dominam. Esta é a eterna história do saber, desde que o poder surgiu no mundo. Isto é, o que também explica como e porque os democratas mais radicais, os rebeldes mais violentos se tornam os conservadores mais cautelosos assim que obtêm o poder. Tais retratações são geralmente consideradas atos de traição, mas isto é um erro. A causa principal é apenas a mudança de posição e, portanto, de perspectiva.

Na suíça, assim como em outros lugares, a classe governante é completamente diferente e separada da massa dos governados. Aqui, apesar da constituição política ser igualitária, é a burguesia que governa, e é o povo, operários e camponeses, que obedecem suas leis. O povo não tem tempo livre ou educação necessária para se ocupar do governo. Já que a burguesia tem ambos, ela tem de ato, se não por direito, privilégio exclusivo. Portanto, na Suíça, como em outros países a igualdade política é apenas uma ficção pueril, uma mentira.

Separada como está do povo, por circunstâncias sociais e econômicas,como pode a burguesia expressar, nas leis e no governo, os sentimentos, as idéias, e a vontade do povo? É possível, e a experiência diária prova isto. Na legislação e no governo, a burguesia é dirigida principalmente por seus próprios interesses e preconceitos, sem levar em conta os interesses do povo. É verdade que todos os nossos legisladores, assim como todos os membros dos governos cantonais são eleitos, direta ou indiretamente, pelo povo.

É verdade que, em dia de eleição, mesmo a burguesia mais orgulhosa, se tiver ambição política, deve curvar-se diante de sua Majestade, a Soberania Popular. Mas, terminada a eleição, o povo volta ao trabalho,e a burguesia, a seus lucrativos negócios e às intrigas políticas. Não se encontram e não se reconhecem mais. Como se pode esperar que opovo, oprimido pelo trabalho e ignorante da maioria dos problemas, supervisione as ações de seus representantes? Na realidade, o controle exercido pelos eleitores aos seus representantes eleitos é pura ficção, já que no sistema representativo, o controle popular é apenas uma garantia da liberdade do povo, é evidente que tal liberdade não é mais do que ficção.

terça-feira, outubro 05, 2010

"Marcos é gay em São Francisco, negro na África do Sul, asiático na Europa, hispânico em San Isidro, anarquista na Espanha, palestino em Israel, indígena nas ruas de San Cristóbal, roqueiro na cidade universitária, judeu na Alemanha, feminista nos partidos políticos, comunista no pós-guerra fria, pacifista na Bósnia, artista sem galeria e sem portfólio, dona de casa num sábado à tarde, jornalista nas páginas anteriores do jornal, mulher no metropolitano depois das 22h, camponês sem terra, editor marginal, operário sem trabalho, médico sem consultório, escritor sem livros e sem leitores e, sobretudo, zapatista no Sudoeste do México. Enfim, Marcos é um ser humano qualquer neste mundo. Marcos é todas as minorias intoleradas, oprimidas, resistindo, exploradas, dizendo ¡Ya basta! Todas as minorias na hora de falar e maiorias na hora de se calar e agüentar. Todos os intolerados buscando uma palavra, sua palavra. Tudo que incomoda o poder e as boas consciências, este é Marcos." - 'Marcos' é como todos os membros do Exército Zapatista de Libertação Nacional dizem se chamar pra esconder seus rostos.

segunda-feira, setembro 27, 2010

Sigo revolucionário - Eu reacionário... com minhas ideias turbulentas.

Miséria, opressão e resistência popular

Chomsky e as 10 estratégias de manipulação midiática.

Noam Chomsky elaborou a lista das “10 estratégias de manipulação” através da mídia:

1- A ESTRATÉGIA DA DISTRAÇÃO.
O elemento primordial do controle social é a estratégia da distração que consiste em desviar a atenção do público dos problemas importantes e das mudanças decididas pelas elites políticas e econômicas, mediante a técnica do dilúvio ou inundações de contínuas distrações e de informações insignificantes. A estratégia da distração é igualmente indispensável para impedir ao público de interessar-se pelos conhecimentos essenciais, na área da ciência, da economia, da psicologia, da neurobiologia e da cibernética. “Manter a atenção do público distraída, longe dos verdadeiros problemas sociais, cativada por temas sem importância real. Manter o público ocupado, ocupado, ocupado, sem nenhum tempo para pensar; de volta à granja como os outros animais (citação do texto ‘Armas silenciosas para guerras tranqüilas’)”.

2- CRIAR PROBLEMAS, DEPOIS OFERECER SOLUÇÕES.
Este método também é chamado “problema-reação-solução”. Cria-se um problema, uma “situação” prevista para causar certa reação no público, a fim de que este seja o mandante das medidas que se deseja fazer aceitar. Por exemplo: deixar que se desenvolva ou se intensifique a violência urbana, ou organizar atentados sangrentos, a fim de que o público seja o mandante de leis de segurança e políticas em prejuízo da liberdade. Ou também: criar uma crise econômica para fazer aceitar como um mal necessário o retrocesso dos direitos sociais e o desmantelamento dos serviços públicos.

3- A ESTRATÉGIA DA GRADAÇÃO.
Para fazer com que se aceite uma medida inaceitável, basta aplicá-la gradativamente, a conta-gotas, por anos consecutivos. É dessa maneira que condições socioeconômicas radicalmente novas (neoliberalismo) foram impostas durante as décadas de 1980 e 1990: Estado mínimo, privatizações, precariedade, flexibilidade, desemprego em massa, salários que já não asseguram ingressos decentes, tantas mudanças que haveriam provocado uma revolução se tivessem sido aplicadas de uma só vez.

4- A ESTRATÉGIA DO DEFERIDO.
Outra maneira de se fazer aceitar uma decisão impopular é a de apresentá-la como sendo “dolorosa e necessária”, obtendo a aceitação pública, no momento, para uma aplicação futura. É mais fácil aceitar um sacrifício futuro do que um sacrifício imediato. Primeiro, porque o esforço não é empregado imediatamente. Em seguida, porque o público, a massa, tem sempre a tendência a esperar ingenuamente que “tudo irá melhorar amanhã” e que o sacrifício exigido poderá ser evitado. Isto dá mais tempo ao público para acostumar-se com a idéia de mudança e de aceitá-la com resignação quando chegue o momento.

5- DIRIGIR-SE AO PÚBLICO COMO CRIANÇAS DE BAIXA IDADE.
A maioria da publicidade dirigida ao grande público utiliza discurso, argumentos, personagens e entonação particularmente infantis, muitas vezes próximos à debilidade, como se o espectador fosse um menino de baixa idade ou um deficiente mental. Quanto mais se intente buscar enganar ao espectador, mais se tende a adotar um tom infantilizante. Por quê?“Se você se dirige a uma pessoa como se ela tivesse a idade de 12 anos ou menos, então, em razão da sugestionabilidade, ela tenderá, com certa probabilidade, a uma resposta ou reação também desprovida de um sentido crítico como a de uma pessoa de 12 anos ou menos de idade (ver “Armas silenciosas para guerras tranqüilas”)”.


6- UTILIZAR O ASPECTO EMOCIONAL MUITO MAIS DO QUE A REFLEXÃO.
Fazer uso do aspecto emocional é uma técnica clássica para causar um curto circuito na análise racional, e por fim ao sentido critico dos indivíduos. Além do mais, a utilização do registro emocional permite abrir a porta de acesso ao inconsciente para implantar ou enxertar idéias, desejos, medos e temores, compulsões, ou induzir comportamentos…

7- MANTER O PÚBLICO NA IGNORÂNCIA E NA MEDIOCRIDADE.
Fazer com que o público seja incapaz de compreender as tecnologias e os métodos utilizados para seu controle e sua escravidão. “A qualidade da educação dada às classes sociais inferiores deve ser a mais pobre e medíocre possível, de forma que a distância da ignorância que paira entre as classes inferiores às classes sociais superiores seja e permaneça impossíveis para o alcance das classes inferiores (ver ‘Armas silenciosas para guerras tranqüilas’)”.

8- ESTIMULAR O PÚBLICO A SER COMPLACENTE NA MEDIOCRIDADE.
Promover ao público a achar que é moda o fato de ser estúpido, vulgar e inculto…

9- REFORÇAR A REVOLTA PELA AUTOCULPABILIDADE.
Fazer o indivíduo acreditar que é somente ele o culpado pela sua própria desgraça, por causa da insuficiência de sua inteligência, de suas capacidades, ou de seus esforços. Assim, ao invés de rebelar-se contra o sistema econômico, o individuo se auto-desvalida e culpa-se, o que gera um estado depressivo do qual um dos seus efeitos é a inibição da sua ação. E, sem ação, não há revolução!

10- CONHECER MELHOR OS INDIVÍDUOS DO QUE ELES MESMOS SE CONHECEM.
No transcorrer dos últimos 50 anos, os avanços acelerados da ciência têm gerado crescente brecha entre os conhecimentos do público e aquelas possuídas e utilizadas pelas elites dominantes. Graças à biologia, à neurobiologia e à psicologia aplicada, o “sistema” tem desfrutado de um conhecimento avançado do ser humano, tanto de forma física como psicologicamente. O sistema tem conseguido conhecer melhor o indivíduo comum do que ele mesmo conhece a si mesmo. Isto significa que, na maioria dos casos, o sistema exerce um controle maior e um grande poder sobre os indivíduos do que os indivíduos a si mesmos.


Retirado de: http://difusaolibertaria.wordpress.com/2010/09/01/chomsky-e-as-10-strategias-de-manipulacao-midiatica/

sábado, agosto 21, 2010

10 motivos para anular seu voto:

A cada dois anos a disputa entre elites e vanguardas políticas admite a necessidade de uma legitimidade mínima e inicia-se o período eleitoral. Diferente do discurso oficial que costuma apresentar duas vertentes centrais - cooptação eleitoreira ou anarcoidismo de quinta - apresentarei dez bons motivos para se deslegitimar a política institucional e seu processo eleitoral antidemocrático.

1. Votar significa legitimar um processo antidemocrático - ao participar optando por uma das opções apresentadas você legitima um mecanismo de controle de massas. Você reafirma sua própria coleira.

2. O Estado sai fortalecido - O Estado, mais que uma ferramenta organizativa, é uma super estrutura de hierarquia vertical instituída com o único objetivo de manter ricos no poder e pobres longe da riqueza produzida coletivamente. As eleições apenas fortalecem essa estrutura contribuindo para a reprodução da realidade desigual.

3. Não negocie com terroristas - O exército estatal mata milhares de pessoas brutalmente todos os anos! Manter essa estrutura é contribuir com o genocídio capitalista e com o terrorismo de estado. Não legitime meias verdades, vote nulo.

4. As opções não te contemplam - Ou contemplam? Você as construiu? Você decidiu as propostas? Ou apenas foi convencido do que é relevante para o país por agentes das lideranças partidárias?

5. As plataformas não foram construídas pela demanda real - Publicitários são contratados para criar a imagem certa e não para promover debates. As eleições não são espaços democráticos de debate, são momentos para construir-se figuras públicas partidárias (estrelismo político). São milhões gastos pelas elites e vanguardas em escritórios de especialistas em manipulação para determinar o que você deve fazer ou pensar. Não capitule, anule o voto.

6. Política Representativa é estratégia de controle - Será que existe representatividade? Existe alguém capaz de representar nossa individualidade decidindo como decidiríamos? Não. Isso não existe e só nós podemos escolher por nós mesmos. A República é o aparato que nos mantém longe das decisões sobre nossa própria vida. E aí, quem decide por você?

7. Votar não é direito e sim ferramenta de controle na conjuntura atual - O voto é uma ferramenta histórica da democracia, mas o voto obrigatório de milhões de pessoas sem direito à educação de qualidade, informação ou o básico para a subsistência é estratégia de controle pela miséria. Assim, quem tem a campanha mais colorida, popularesca e cara a ponto de ter evidência em todo o país sai na frente.

8. É injusto! - É inegável que o processo eleitoral é sórdido e fundamentado na injustiça. O Estado se apresenta como instituição onde a legitimidade é forçada pelo voto obrigatório de milhões de mulheres e homens sem comida forçados a reproduzir sua condição deplorável para manter as elites no poder até a próxima eleição e na próxima, e na próxima... É revoltante para qualquer um minimamente comprometido com a justiça.

9. Existem outras opções suprimidas pela política institucional - A força dos movimentos sociais e a importância do poder popular. A hierarquia horizontal e a autonomia federativa. Democracia direta e os colegiados com participação massiva da população. O fim da educação castradora e das imposições de mercado. A importância da ação direta de cada indivíduo em sua participação política nem ao menos são citadas. É sempre reproduzida a lógica que a tomada de decisões deve ser dos poderosos e letrados segundo a escola formal burguesa e que as massas devem calar-se reservando-se a participação política bienal através do voto republicano. Não acredite na falácia dos poderosos e demonstre isso anulando seu voto.

10. A república não é o limite da democracia - Uma estrutura representativa e fundamentada na desigualdade não é legítima ou democrática. O discurso da democracia possível é a desculpa da ideologia positivista para segregar explorados e exploradas à condição de subaltern@s na sociedade contemporânea. Não precisa ser assim, a história mostra regimes de hierarquia horizontal organizados como a Comuna de Paris e incontáveis Squats pelo mundo que assumem-se autonomamente enquanto território popular e libertário. Hoje ainda existem organizações e movimentos libertários como a Federação Anarquista e movimentos anti estatais diversos.

Vote nulo. Assuma um posicionamentos justo, libertário e comprometido com a construção de uma sociedade de tod@s.

quarta-feira, agosto 04, 2010

Recorta e cola IV

Moção de Repúdio contra a ação criminosa da Rede Globo em relação às mulheres que praticam aborto

É “fantástico” como a Rede Globo, ao longo dos últimos anos, tem cumprido um papel de afirmar e incrementar visões conservadoras na sociedade brasileira de forma geral, e de reafirmar a ideia do aborto como assassinato, em particular. As novelas da Globo têm sido o principal instrumento para veicular esta visão de aborto como crime e taxar as mulheres que o praticam de assassinas.

Não bastasse, esta emissora tem também assumido um papel policialesco, ao produzir reportagens para criminalizar e denunciar o aborto clandestino. Não podemos esquecer que o estouro de uma clínica no Mato Grosso do Sul, no final de 2007, que resultou na exposição pública do nome de dez mil mulheres e na condenação de trabalhadoras e de mulheres que fizeram aborto, foi desencadeada a partir da ação desta emissora, após denúncia feita contra a clínica.

A partir deste episódio, tem se desenvolvido no Brasil uma ação sem precedentes de criminalização do aborto. Inclusive com a proposta de uma CPI do aborto, contra a qual os movimentos têm lutado. Sabemos que a Rede Globo não está sozinha. Ela se articula com o setores mais conservadores da sociedade, que reúne parlamentares e igreja católica, com o intuito de retroceder nos poucos avanços que as mulheres conquistaram na área dos direitos reprodutivos.

Neste domingo, 1º de agosto, o programa Fantástico fez uma reportagem no mínimo revoltante. Em uma ação policialesca, entrou em clinicas clandestinas de Salvador, Belém e Rio de Janeiro para denunciar o aborto clandestino. Como sempre, foram expostas as mulheres pobres e as clínicas que atendem mulheres pobres, marcando assim o caráter de classe da criminalização do aborto. Por que não mostrou as clínicas em que as artistas e celebridades da Globo fazem abortos? Por que não mostrou os médicos as atendem? Ficou claro as mulheres ricas e as artistas da globo ficam preservadas, pois para elas o aborto não é problema, e nem é feito nestas clínicas.

Esta atuação da Globo somente reforça a já emblemática situação de criminalização instaurada no país. Sabemos que o aumento da repressão empurra as mulheres pobres para práticas de aborto cada vez mais inseguras, condenando-as a correr graves riscos para suas vidas, e para sua saúde física e psíquica. Além de não contribuir para reduzir este grave problema de saúde pública, alem de demarcar o lugar de subordinação das mulheres, já que elas não têm o direito de decidir sobre seus corpos e suas vidas.

É preciso lembrar sempre que são as mulheres pobres, negras e jovens, do campo e da periferia das cidades, as que mais sofrem com a criminalização. São elas que recorrem à clínicas clandestinas e a outros meios precários e inseguros, uma vez que não podem pagar pelo serviço clandestino na rede privada, que cobra altíssimos preços, nem podem viajar para países onde o aborto é legalizado, opções seguras para as mulheres ricas.

Diante de tudo isso, nós, mulheres da Marcha Mundial, vimos a público repudiar esta ação criminosa da Rede Globo contra as mulheres pobres que praticam aborto. Ao invés de punição, nós propomos para o Brasil uma política pública integral de saúde que auxilie mulheres e homens a adotarem um comportamento preventivo, que promova de forma universal o acesso a todos os meios de proteção à saúde, concepção e anticoncepção, sem coerção e com respeito. Somente a legalizaçao do aborto no Brasil é capaz de reverter a situação dramática da clandestinidade do aborto, que mata, humilha e pune as mulheres que ousam decidir por suas vidas.

Fazemos coro com os movimentos que lutam pela democratização dos meios de comunicação para dar um basta nesta postura criminosa, reacionária e autoritária da Rede Globo.

Fora Rede Globo! Basta de violência contra a mulher!

Pelo fim da criminalização das mulheres e pela legalização do aborto!

Marcha Mundial das Mulheres

domingo, julho 25, 2010

Daquilo que é Apropriado

Ela resguardava-se desesperadamente de qualquer pensamento que a remetesse a sua realidade. Deitada em sua cama com a mente forçando seu corpo desgastado a sentir preguiça, ela bocejava mecanicamente enquanto entopia sua mente com imagens toscas comuns aos programas de tv vespertinos. Apesar de sua mente embotada, a simplicidade do que via não era suficiente para tomar de pronto sua consciência. Então afundava-se em questões cotidianas e reclamações. Quando não, pensava em deus e encontrava legitimidade para a fuga.

"Enquanto estiver parada continuarei agradando ao senhor. Serei recompensada. Essa é uma atitude de gente decente..." - Ela pensa.

A porta se abre, ela escuta. Sem mover seu pescoço, ela tenta adivinhar quem é enquanto mantém sua figura cansada para poder negar qualquer tentativa de movê-la ou forçá-la a novas experiências perigosas.

O homem deita ao seu lado. Ela sente a repulsa pelo seu odor ao mesmo tempo que felicidade pois poderia entreter-se de forma segura. As reclamações poderiam virar brigas. Brigas virariam mais rancores. Rancores se tornariam conexões. Conexões permitiriam mais entretenimento seguro. Mas ele parecia cansado e sentiu uma ponta de decepção da qual preferiu chamar preocupação. Então lembrou que ele vinha de um compromisso. Era apropriado perguntar-lhe alguma coisa, mas era uma decisão difícil iniciar uma conversa. Apesar de querer negar a presença dele e garantir sua segurança naquele fim de tarde, ela sentia algo parecido como obrigação em se demonstrar receptiva e interessada. Algo como um senso de dever que ela classificou como instinto. Ela passou a se sentir violada. Ela conhecia bem a sensação, então resolveu arriscar já que continuar significaria um mudança desconfortável de roteiro.

Algumas frases trocadas. O homem foi furtivo, "graças ao senhor". Ela sentiu que suas obrigações foram cumpridas. Estava livre...

Nada mais apropriado que voltar aos seus pensamentos.

quarta-feira, julho 14, 2010

Arraial da Solidariedade



Convidamos todos e todas a participarem do Arraial da Solidariedade no Centro de Cultura Social do Rio de Janeiro!

Haverá comidas típicas, brincadeiras, apresentação de teatro, muita música e solidariedade no espaço do CCS!

O ingresso custa apenas módicos R$ 2,00. Estaremos também de 12:00h às 14:00h realizando um almoço (com opção vegana) que tem como intenção arrecadar fundos para o espaço e que custará R$ 8,00. Quem pagar o almoço não paga o ingresso de entrada! A compra de ingressos é preferencialmente antecipada para calcularmos os custos do almoço!

E de preferência, usem trajes a rigor!!

Venha apoiar o espaço!

Organização: Centro de Cultura Social - RJ e Grupo Luz do Sol.

Apoio: Movimento dos Trabalhadores Desempregados - RJ "Pela Base".

Mais informações: http://ccs.sarava.org/blog

sexta-feira, julho 09, 2010

Listas II

Inesquecíveis...

1. O fracasso.
2. A morte.
3. Os outros.

domingo, julho 04, 2010

Teísmo e espiritualidade



"A religião é aquilo que impede os pobres de matarem os ricos." - Napoleão Bonaparte

Deus. O título atribuído a entidade mitológica cristã e por extensão as figuras veneradas em outras religiões e culturas não é um conceito complexo. Ele é conectado imediatamente ao mito do ser onipotente, onipresente e onisciente comum ao nosso lado do planeta. É utilizado como base ideológica para legitimar atrocidades, claro. Mas também como base para debates sobre ética e moral e como canal para manifestar sentimentos poderosos.

Antes de tudo o conceito ocidental de deus tem uma função: controle de massas. Homens e mulheres geniais já dissertaram sobre as expressões desse controle dos pobres em suas estruturas sociais e ideológicas. Ele oprime as mulheres, conforma as massas, discrimina homossexuais e legitima a violência física, social e psicológica. Estas são algumas de suas utilizações mais cruéis. Outro ponto imprescindível de se colocar é a incapacidade de se comprovar a existência do chamado "mundo espiritual" e dos seres que nele habitam. Todas as teorias científicas sobre a origem do universo e das espécies se tornaram eficientes pois tem comprovação prática e até hoje mantém resiliência científica. Não há prova da existência de qualquer ser como criador ou influenciador do mundo físico. Essa entidade é parte do conjunto de mitos ocidentais e nada mais. Para finalizar esta pequena lista de premissas, não se pode esquecer que o conhecimento é entendido aqui como uma categoria metafísica produzida através da relação dos homens e mulheres com a natureza. Ele é historicamente determinado e é limitado pelo acúmulo produzido e pelas experiências individuais e coletivas de uma sociedade em constante contradição e transformação. Assim, há um limite ao que se pode conhecer e classifico o culto em massa ao mito cristão como mais uma limitação imposta politicamente às massas do que uma simples questão de escolha individual. Resumindo: deus é usado para controle, não existe e é imposto como verdade absoluta.

Entendendo as posições acima, me faço uma pergunta: Se o mito divino é um instrumento de controle historicamente construído e existe uma demanda imposta a nossa mente (já que o conhecimento é produto de nossa relação com o mundo material), como pessoas instruídas sobre este processo lidam com o paradoxo entre o mito e a realidade?

Encontrei algumas respostas nesse fim de semana.

Existe um poder imenso nas palavras. O processo de imposição deísta diária cria um espaço na mente humana. Apesar da existência de deus não ser lógica e de haver um reconhecimento da natureza mitológica das figuras cristãs, ainda existe um espaço na vida das pessoas. Um espaço que as pessoas passam a chamar de espiritualidade. Espiritualidade passa a ser a dimensão sócio-afetiva destinada a manifestação de crenças baseadas nas emoções de conexão e inteireza. O aparato ideológico força seres humanos a cristalizarem suas ideias e práticas em torno da vivência religiosa e quando seu argumento não possui mais resiliência argumentativa, surge o paradoxo: Deus se vai... mas o espaço destinado a ele permanece. A espiritualidade é o remédio para as mentes menos instruídas e corajosas. Deus passa a ser uma entidade figurativa e as práticas são voltadas ao preenchimento de espaço e insegurança emocional gerada pela falta das muletas sociais produzidas pela religião institucional.

A espiritualidade é a droga do momento!

sábado, junho 19, 2010

Recorta e cola III

Seu Mário

6h55 Carteira do plano de saúde, identidade, guia do exame. Checado. 421, 433, 447, cheguei. Cheguei depois e Seu Mário já estava lá, esperando pacientemente a sua vez. Ele provavelmente checou mais de três vezes plano de saúde, identidade e guia do exame, mas chegou antes. Minutos depois eu estava na sala do médico, melecada de gel, veia cava isso, veia femoral aquilo e pronto, chega de desfilar de avental com bumbum de fora por aí. Quando saí, Seu Mário ainda estava lá. Mui belo e comportado, Seu Mário trajava uma calça social preta, sapatos bicudos, meia combinadinha e uma blusa amarela que chamava atenção de senhoras e mocinhas na faixa dos vinte, como eu. Óculos retrô, hastes grosssas e pretas, última moda.

O atendente chama: “Seu Mário.” Subentende-se comparecer na mesa para reaver os documentos, mas aquela delícia da terceira idade não está nem aí para a pressa. O atendente chama: “Seu Mário!” cinco vezes mais alto do que a primeira. O rapaz ao lado de Seu Mário num sobressalto treme a Caras com alguém glamoroso na capa sendo pego no flagra entrando num banheiro de um shopping qualquer. Dessa vez Seu Mário sabe que é com ele. Senta pacientemente na cadeira e exige mais de três vezes que o atendente diga a data na qual o exame ficará pronto. Tendo feito isto, mesmo com tantos bolsos, Seu Mário enfia o papel com a data de entrega do exame por dentro da camisa.

Eu já estou esperando o elevador, observo distante. Ele vem em minha direção, pára, sorriso de quem espera, apenas. O elevador abre, Seu Mário ameaça entrar. A moça que está dentro do elevador diz: “Está subindo.” Mas Seu Mário não está nem aí se sobe ou desce e ela grita: “Tá subindo!” Seu Mário sorri para mim novamente. Desta vez não é sorriso de espera e não ousem pensar que ele ri de si mesmo. A sucessão dos anos, dos dias, das horas, etc., que envolve para o homem a noção de presente, passado e futuro está presa em seus lábios moles e desembaraçados.

Retirado de: http://des-atino.blogspot.com/

O Processo.

A um tempo atrás decidi que minha vida seria verdadeira. Que meu compromisso real era com uma sinceridade profunda comigo mesmo, mesmo que isso signifique lidar sem filtros com questões dolorosas. Adotei um posicionamento racional e um ceticismo científico como formas de entender o mundo. Pouco a pouco mutilei toda a frivolidade e gordura supersticiosa que pude encontrar na minha mente. Dissequei conceitos falidos e desconstruí estruturas impostas com muita força no meu interior. Me foquei como atleta numa maratona excêntrica de exercícios mentais diários. Aumentei minha coragem e encontrei segurança com o conhecimento. Com o tempo me tornei uma pessoa assertiva e crítica disposto a arriscar tudo com a certeza da coerência.

Com o tempo vi que pra adotar uma postura sincera comigo exigia mudar o "treinamento militar" da minha mente porque ele não era suficiente. Não por ter mudado meus valores, mas porque entendi que ser verdadeiro e sincero exige ainda mais. Exige reconhecer e lidar com sentimentos do ego em conflito. E as coisas ficaram mais complexas que na primeira parte, não porque as ideias trabalhadas anteriormente sejam simples, eu as compreendo com facilidade, mas porque esse é um campo novo e muito pouco explorado. Ampliei meu entendimento sobre mim ao me aceitar e observar em minha introspecção. É mais que listar e comparar características, é buscar métodos de comprovação de personalidade me expondo a situações limite.

Pegando os resultados parciais, eu construo um "eu" superior.

São muitos anos de disciplina, meditação e confronto.

Todo esse processo não me torna uma pessoa mais feliz. Não me torna uma pessoa mais completa. Me faz uma pessoa profundamente verdadeira e extremamente orgulhosa e satisfeita consigo mesma. Me faz uma pessoa melhor.

sexta-feira, junho 11, 2010

Sonhando acordado

O telefone tocou e a voz alterada pela telefonia não impediu que fosse reconhecida. Parabenizações sem motivo ou mérito. A resposta foi educada e vazia. Não havia qualquer sentimento ou alegria referentes ao pagamento pelo trabalho bem executado. Qualquer ponta de alegria parecia inapropriada. A nova condição foi adquirida sem esforço ou luta e ele foi ensinado que a felicidade só poderia existir depois da dor.

Frases mecânicas, piadas forçadas e dois desligaram o telefone.

Ele sentiu alívio porque tudo tinha acabado.

"O inferno são os outros." - ele pensou... Mas no fundo ele não sabia qual era o motivo de sua insatizfação.

sexta-feira, junho 04, 2010

O agora.

Tempo é interpretação. Vai além de linhas imaginárias didáticas. Existência é produto de idéias e memórias. Nada foi realmente, só o é faz sentido. É a memória com status de presença.

Tempo é movimento constante. Sou, não fui, projetando o sendo.

sexta-feira, maio 14, 2010

Listas I

DOS HUMORES SULFUROSOS:

1. Odeie irracionalmente. Essa é a maior motivação que poderá sentir.
2. Despreze a mediocridade (mesmo que isto signifique autodepreciação). Só a excelência importa.
3. Apaixone-se. O tédio corrói as horas e a carne sem tempero é repugnante.
4. Seja grosseiro. É imperativo à comunicação que a fala seja consonante com a intensidade das ideias, mas prefira pecar pelo excesso.
5. Sinta mais, reflita menos. Somos animais e, ao contrário do que pensam, a vida não é um tabuleiro de xadrez.
6. Arrependa-se sem culpa. Reconhecer limites é um dos princípios do autoconhecimento e de sua transcendência.
7. Permita-se. Deixe para os outros a função de te boicotar.
8. Sinta inveja. Ela é inevitável principalmente para àqueles que ambicionam ser mais do que são.
9. Confronte. A fuga é castradora. Aceite a dor com coragem frente à felicidade efêmera e subjetiva. A satizfação é central e exige indisposição.
10. Dê espaço a seus humores. Não que seja possível controlá-los, mas para saboreá-los. O fim é imperativo para tod@s.

quarta-feira, março 24, 2010

Recorta e cola II



De: http://www.malvados.com.br

domingo, março 21, 2010

Recorta e cola I



De: http://pbdesinteressante.blogspot.com/

terça-feira, março 16, 2010

Maurício de Souza: agente duplo do imperalismo burguês

Trechos de artigo publicado no Observatório da Imprensa – grato pelo envio, Daniel – sobre o gibi contra-revolucionário e patrão que ameaça nossas crianças:

Postura bélica americana – “Mônica não tem uma obsessão como a do Tio Patinhas (pelo dinheiro), mas os dois têm algo em comum – Mônica sugere que os conflitos do mundo devam ser resolvidos através da violência. E isso pode ser visto como uma postura bélica, característica histórica e cultural dos Estados Unidos. Afinal, o big stick, a solução de conflitos através da porrada, tem sido a forma diplomática dos Estados Unidos agirem nos últimos séculos.”

Condescendência, sexismo, violência – “Ao que parece, os adultos leitores ou pais de crianças que lêem os gibis da Mônica são condescendentes com esta prática da violência. Afinal, para uns, ‘é uma menina’. Isto é, violência feminina pode, masculina não.”

Por que Magali não engorda? – “A Magali merece uma observação mais cuidadosa. Ela é uma menina que tem obsessão por comida. E como as histórias da Maurício de Souza Produções abordam isso? Como algo normal. Ter obsessão por comer, para a Maurício de Souza Produções, não é problema (…). O que se percebe é que o assunto – o desejo de comer sempre mais – é muito sério para ser tratado da maneira como trata a Turma da Mônica. O Brasil tem uma população obesa de adultos que ultrapassa 50%. Entre os pobres, os percentuais podem chegar a 60%. No ano passado, o Ministério da Saúde fez uma campanha contra a obesidade das crianças. E obesidade é doença, reconhece a Organização Mundial da Saúde.”

Chico Bento: retrato elitista do campo – “Podemos pensar em outros personagens. Chico Bento, por exemplo, revela a vida no campo, mas como clichê. As situações vividas por ele mais parecem narradas por um observador instalado na Rua Augusta, um urbanóide que nunca botou os pés na terra. Por isso, o meio rural é tratado como um outro planeta. E se alguém perguntar as características da personalidade de Chico Bento não vai ter resposta. No máximo vai fazer uso do clichê – que ele é um matuto, um caipira paulista, algo genérico. Chico Bento é uma visão burguesa – distante e elitista – do campesinato.”

Retirado de: http://michellaub.wordpress.com/

Postei porque achei superbacana!^^

domingo, fevereiro 28, 2010

@s outr@s



A vida é fria, prosaica e solitária. E essa certeza imperiosa faz com que todos busquem desesperadamente por algo que as faça preencher seu tempo como trabalho, internet, sexo ou ilusões de cumplicidade e unicidade. A corrida pela felicidade forçada impossibilita a plenitude de uma vida verdadeira. Todos estão sós numa mente hermeticamente fechada onde ecoam ideias, pensamentos, sentimentos. Nem toda a expressão e perspicácia podem apreender a força do que há dentro de nós. Estamos fadamos a viver ilhados em nossas individualidades.

Empurrados numa vida em sociedade, por vezes somos levados a pensar que somos gregários. Positivismo, religião e estupidez produzem a ideia de naturalidade da/do mulher/homem coletiva/coletivo. Só estamos com outras existências por necessidade material, física ou incapacidade de desconstruir as instituições. Somos profundamente sós e nunca conheceremos ou seremos realmente conhecidos.

Se isso é válido ou não, não me interessa no momento. Hoje estou tocado por uma sensação que não consigo definir. Como individualidades tão irremediavelmente distantes podem produzir conexões tão fortes entre si? Um nível de ligação que supera todos os conceitos de fraternidade ou irmandade... E que não acontece apenas entre uma individualidade... Somos únicos, intocáveis, solitários... mas estamos conectados de uma forma que é até hoje incompreensível pra mim. Descobri a amizade.

Sou um homem de sorte?

terça-feira, fevereiro 23, 2010

Encontro anual dos donos do mundo




Cara... o André Dahmer é brilhante. Veja mais em http://www.malvados.com.br

quinta-feira, fevereiro 18, 2010

Teu pai já sabe?



Então, descobri a banda ontem. Sim, "Teu pai já sabe?" é uma banda de punk rock/hardcore de Curitiba composta por gays bacanas mandando muito bem em músicas que cagam em cima dos estigmas!

Ouvi no Myspace e já tô viciadinho!^^

Link: http://www.myspace.com/teupaijasabe

terça-feira, fevereiro 16, 2010

Mijei na calçada!

se sentiram idiotas por seu sobrinho (ou similar) de três anos te enganar com aquela manha de quinta? Foi assim que me senti ao me ver surpreso com a nova do Choque de Ordem no Rio de Janeiro. Caça aos camelôs, batidas despropositadas da polícia, praia sem Garis dentre outras palhaçadas que nosso prefeito promove na cidade para mostrar serviço. É tanta idiotice que eu pensava que os limites da merda já tinham sido alcançados quando recebi a notícia que, durante o Carnaval, mijão flagrado é mijão preso!

Carnaval no Rio de Janeiro (Nada a declarar sobre isso... ¬¬), calor, cerveja, xixi e cadeia! Essa foi a sequência dos fatos para mais de 40 drogados desde o início da "bobajaiada" na Cidade. Além da política moralizadora COMPLETAMENTE DESNECESSÁRIA, foram distribuídos pela cidade apenas 4 mil banheiros químicos para uma festa com MILHÕES de pessoas! Impossível que tod@s usem a porra dos banheiros!

Esses dias, vendo o jornal regional, mostraram o depoimento de uma coroa com cara de "tia mal comida mais que quadradona" dizendo:

"- É... realmente os banheiros são insuficientes. Mas a população tem que se educar."

Ó SENHOR DA PUTA QUE PARIU! ESTOU NUM EPISÓDIO DE "ALÉM DA IMAGINAÇÃO"?

COMO prender a população (ainda mais por ato obsceno!) sem disponibilizar banheiros suficientes para tod@s?! Isso me parece tão óbvio! É forçar a criminalidade! E os custos dessa babaquice? Eu que pagando por isso!

Enfim, o que me deixa irritado é minha reacção surpresa a algo nada surpreendente. A criminalização da pobreza promovida pela sociedade que não permite o pleno acesso aos direitos sociais é notícia de ontem. E eu aqui gastando minha raiva à toa...

PROTESTO E MIJO NA RUA COM PRAZER!

Até porque ir à rua e não querer sentir o cheiro de mijo velho aqui e ali é para "Dondocas Zona Sul" que adoram uma fuga da realidade...

sexta-feira, janeiro 15, 2010

Vergonha Alheia.

É tão difícil ter vida própria? Eu me deparo com estúpidas reações alheias o tempo todo. Não falo da mediocridade pandêmica, falo de outro conjunto de ações estúpidas (não posso negar que talvez estejam interligadas) que fazem todos clones. É a reprodução sobre a reprodução distante de toda originalidade. Nada nunca é pensado. Nenhuma atitude é livre. Tudo é espontaneamente igual ao que o outro fez semana passada que foi o que a outra fez na retrasada e etc...

Oscar Wilde disse que "Estamos todos na sarjeta, mas alguns de nós olham para as estrelas.". Nem sei se vivo realmente! Todos os dias me deparo com minhas reproduções espontâneas para testar meus orgulho e segurança. As vezes é tão insuportável que preciso trabalhar minha pequenez, aceitar minha coleira, para ensaiar algum ato de verdadeira liberdade no futuro! Só sei que a batalha costuma ser dolorosa e os resultados pouco satisfatórios ao meu ideal de independência e liberdade individual. Mesmo assim choco com meus irritantes passos de formiga.

É absurdo e incompreensível que eu seja admirado por viver a minha vida. Por me relacionar com outr@s e... estudar, trabalhar, escolher!

Tenho vergonha de viver num mundo que não repudie minha liberdade meia-boca!

sexta-feira, janeiro 01, 2010

Promessa de Réveillon:


Em 2010 eu boto isso pra funcionar!^^