Ela resguardava-se desesperadamente de qualquer pensamento que a remetesse a sua realidade. Deitada em sua cama com a mente forçando seu corpo desgastado a sentir preguiça, ela bocejava mecanicamente enquanto entopia sua mente com imagens toscas comuns aos programas de tv vespertinos. Apesar de sua mente embotada, a simplicidade do que via não era suficiente para tomar de pronto sua consciência. Então afundava-se em questões cotidianas e reclamações. Quando não, pensava em deus e encontrava legitimidade para a fuga.
"Enquanto estiver parada continuarei agradando ao senhor. Serei recompensada. Essa é uma atitude de gente decente..." - Ela pensa.
A porta se abre, ela escuta. Sem mover seu pescoço, ela tenta adivinhar quem é enquanto mantém sua figura cansada para poder negar qualquer tentativa de movê-la ou forçá-la a novas experiências perigosas.
O homem deita ao seu lado. Ela sente a repulsa pelo seu odor ao mesmo tempo que felicidade pois poderia entreter-se de forma segura. As reclamações poderiam virar brigas. Brigas virariam mais rancores. Rancores se tornariam conexões. Conexões permitiriam mais entretenimento seguro. Mas ele parecia cansado e sentiu uma ponta de decepção da qual preferiu chamar preocupação. Então lembrou que ele vinha de um compromisso. Era apropriado perguntar-lhe alguma coisa, mas era uma decisão difícil iniciar uma conversa. Apesar de querer negar a presença dele e garantir sua segurança naquele fim de tarde, ela sentia algo parecido como obrigação em se demonstrar receptiva e interessada. Algo como um senso de dever que ela classificou como instinto. Ela passou a se sentir violada. Ela conhecia bem a sensação, então resolveu arriscar já que continuar significaria um mudança desconfortável de roteiro.
Algumas frases trocadas. O homem foi furtivo, "graças ao senhor". Ela sentiu que suas obrigações foram cumpridas. Estava livre...
Nada mais apropriado que voltar aos seus pensamentos.
Um comentário:
Bom, você escreve bem = ]
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